“Acredita-se que o ato suicida
não pode ser explicado somente por motivações individuais, mas por processos
que antecedem tal ato e que seriam suscetíveis às influencias sociais que
perpassam a esfera da vida pessoal presente nos valores e padrões da cultura em
que este individuo está inserido.” Assim, Patrícia D’Avilla Venturela começa
seu trabalho a respeito do tema suicídio. Um tema tão pouco explorado e com
tantos aspectos sociais e psicológicos envolta. Patrícia, mostra alguns tipos
de suicídios, não vou entrar muito afundo, só explicar brevemente. Em sua obra
O Suicídio, Durkheim cataloga três tipos de suicídio: egoísta, onde o indivíduo
se sente isolado da sociedade; altruísta, onde a pessoa se sente tão
pertencente a um grupo social que perde sua própria identidade; e anônimo, que
tem o mesmo conceito do egoísta, com o diferencial que neste, o indivíduo
relaciona o motivo a questões externas a ele. Freud, relaciona o suicídio com a
melancolia, que é a dor da perda, que faz você se sentir tão vazio que acaba
cometendo o ato. Para Rogers (abordagem
centrada na pessoa) o ser humano tem uma tendência natural de buscar seu
crescimento, mas por alguma discordância não consegue e por isso busca o
suicídio.
Vou focar na abordagem de Rogers.
Para este autor, existem três condições básicas de crescimento, que podem
ajudar o indivíduo que esteja passando por esse sofrimento de cometer o
suicídio. São elas: compreensão empática, consideração positiva incondicional e
a congruência.
A compreensão empática na minha
visão foi a mais interessante. O que quer dizer essa condição básica? Nessa
condição, o indivíduo vai esquecer seus valores, o que ele julga importante,
vai esquecer de tudo e mergulhar na história da outra pessoa. Isso nos remete
ao sentimento de compaixão, que foi estudado pelos cientistas no experimento
realizado no monge Oser. Eu particularmente, acho muito difícil fazer isso, ter
esse sentimento de colocar-se no lugar da pessoa e realmente viver aquilo que
ela está passando. Imagine você vivendo uma situação dessas, onde tem uma
pessoa próxima pensando em cometer suicídio e cabe a você ouvir essa pessoa e
não falar nada, sem julgamentos, sem dar opinião, nada além de ouvir.
Se pararmos para pensar existem
pouquíssimas pessoas assim, que param para escutar seus problemas sem dizer a
opinião delas, ou te julgar, falando que está errado. Precisamos de mais gente
assim, que pare para ouvir, que viva sua história. Poucos sabem a diferença que
o simples fato de escutar pode fazer na vida de uma pessoa. Por esse motivo,
achei muito interessante o trabalho voluntario do centro de valorização da vida
(CVV) que treina pessoas para ouvir, ajudar e evitar que o pior aconteça.
A vida é algo muito valioso para
ser perdida por um ato contra si mesmo, eu sei que todos têm dificuldades,
passam por problemas, mas não vale a pena cometer tal ato. Sempre vão existir
pessoas que se preocupam com você, seja família ou amigos, seja o próprio
centro, que está lá exatamente para ajudar. Por isso pense muito bem, procure ajuda
antes de chegar as vias de fato e você que pode ajudar alguém, ajude, ouça,
viva o que esse ser humano está passando e seja capaz de salvar uma vida com um
ato tão simples.
Para mais informações a respeito
do trabalho voluntario da CVV acesse: http://www.cvv.org.br/
Inspirado em Venturela, P.D.
(2011) Prevenção do Suicídio: Um relato da Capacitação dos Voluntários do
Centro de Valorização da Vida (CVV) no Município de Porto Alegre. Monografia.
UFRGS. (textos 2)